|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Traficante Abadía é extraditado para os EUA
Americanos acusam colombiano de tráfico internacional e de ter mandado matar ao menos 15 pessoas
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O narcotraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía
foi extraditado ontem pelo governo brasileiro para os Estados Unidos, onde é acusado de
tráfico internacional de drogas
entre 1989 e 2007 e de mandar
matar ao menos 15 pessoas.
O governo seguiu orientação
de um parecer do Ministério da
Justiça e autorizou a expulsão,
também aprovada pelo STF
(Supremo Tribunal Federal).
Abadía estava preso no Brasil
desde agosto de 2007.
Conforme a Folha havia antecipado no dia 7, o governo
brasileiro avaliou que não havia mais razão de manter o colombiano no país. A PF já obteve as informações que julgava
necessárias para investigá-lo.
Houve, também, por parte
das autoridades norte-americanas, o compromisso de dividir, com o Brasil, ativos ou um
percentual de parte do resgate
patrimonial que eventualmente Abadía forneça aos EUA.
O governo brasileiro espera
que, com as informações repassadas por ele às autoridades
americanas, seja possível repatriar bens e ativos, além de cortar o fluxo da organização criminosa de Abadía no país.
Em ação coordenada pela Secretaria Nacional de Justiça e
realizada pela PF e pelo Depen
(Departamento Penitenciário
Nacional), Abadía deixou a Penitenciária Federal de Campo
Grande (MS), onde estava preso, na madrugada de ontem,
por volta das 3h.
Uma equipe de 20 a 25 agentes escoltou o narcotraficante
até o aeroporto, de onde partiu
para Manaus em um avião da
Polícia Federal, segundo informou o Ministério da Justiça.
O plano inicial do DEA (a
agência antidroga americana)
era buscar Abadía em avião
próprio, em Campo Grande. A
idéia, contudo, não foi aceita
pelo governo brasileiro. O
avião precisaria fazer escala em
solo brasileiro para abastecer.
Por questões de segurança,
ficou acertado que a PF o levaria até Manaus, de onde o avião
do DEA sairia com o colombiano sem precisar descer novamente em solo brasileiro.
A previsão era que Abadía
chegasse a Nova York ainda
ontem, depois de uma escala
em Kingston, na Jamaica.
Como foi expulso do Brasil,
Abadía deixa de cumprir a pena
à qual foi condenado, em abril
- 30 anos de prisão por lavagem de dinheiro, formação de
quadrilha, corrupção ativa, entre outros crimes.
Embora perca o efeito prático, as condenações de Abadía
não se extinguem no Judiciário
brasileiro, afirmou ontem o secretário nacional de Segurança
Pública, Romeu Tuma Júnior.
A lei brasileira determina
que estrangeiros procurados
em outros países sejam extraditados somente após cumprirem eventuais penas. No caso
de Abadía, o governo se baseou
em uma exceção à regra: interesse da soberania nacional.
"O benefício trazido pelo
cumprimento de pena aqui era
menor do que a extradição,
porque ele responde a vários
processos nos EUA e pode ser
que no curso deles surjam fatos
novos", disse Tuma Júnior.
Nos EUA, onde ainda está
sendo investigado, o colombiano não poderá cumprir pena
superior a 30 anos, já que essa
foi uma restrição imposta pelo
STF -como prevê a lei brasileira- quando o tribunal concedeu a extradição, em março.
Um dos traficantes mais procurados do mundo, Abadía foi
preso pela PF em um condomínio de luxo na Grande São Paulo. O DEA estima que o colombiano tenha acumulado uma
fortuna de US$ 1,8 bilhão.
No início deste mês, a PF deflagrou a Operação X, que identificou uma suposta quadrilha
liderada pelo colombiano e pelo brasileiro Fernandinho Beira-Mar (Luiz Fernando da Costa), que, mesmo presos em
Campo Grande, planejavam seqüestrar autoridades e parentes de autoridades para obter a
libertação de presidiários.
Texto Anterior: Outro lado: "Ele me agrediu com brincadeiras; fiquei nervosa e o xinguei", diz mulher, que nega ter cuspido Próximo Texto: Ministro da Justiça afirma que colombiano foi expulso do país Índice
|