São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2008

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Traficante Abadía é extraditado para os EUA

Americanos acusam colombiano de tráfico internacional e de ter mandado matar ao menos 15 pessoas

LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O narcotraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía foi extraditado ontem pelo governo brasileiro para os Estados Unidos, onde é acusado de tráfico internacional de drogas entre 1989 e 2007 e de mandar matar ao menos 15 pessoas.
O governo seguiu orientação de um parecer do Ministério da Justiça e autorizou a expulsão, também aprovada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Abadía estava preso no Brasil desde agosto de 2007.
Conforme a Folha havia antecipado no dia 7, o governo brasileiro avaliou que não havia mais razão de manter o colombiano no país. A PF já obteve as informações que julgava necessárias para investigá-lo.
Houve, também, por parte das autoridades norte-americanas, o compromisso de dividir, com o Brasil, ativos ou um percentual de parte do resgate patrimonial que eventualmente Abadía forneça aos EUA.
O governo brasileiro espera que, com as informações repassadas por ele às autoridades americanas, seja possível repatriar bens e ativos, além de cortar o fluxo da organização criminosa de Abadía no país.
Em ação coordenada pela Secretaria Nacional de Justiça e realizada pela PF e pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional), Abadía deixou a Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), onde estava preso, na madrugada de ontem, por volta das 3h.
Uma equipe de 20 a 25 agentes escoltou o narcotraficante até o aeroporto, de onde partiu para Manaus em um avião da Polícia Federal, segundo informou o Ministério da Justiça.
O plano inicial do DEA (a agência antidroga americana) era buscar Abadía em avião próprio, em Campo Grande. A idéia, contudo, não foi aceita pelo governo brasileiro. O avião precisaria fazer escala em solo brasileiro para abastecer.
Por questões de segurança, ficou acertado que a PF o levaria até Manaus, de onde o avião do DEA sairia com o colombiano sem precisar descer novamente em solo brasileiro.
A previsão era que Abadía chegasse a Nova York ainda ontem, depois de uma escala em Kingston, na Jamaica.
Como foi expulso do Brasil, Abadía deixa de cumprir a pena à qual foi condenado, em abril - 30 anos de prisão por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa, entre outros crimes.
Embora perca o efeito prático, as condenações de Abadía não se extinguem no Judiciário brasileiro, afirmou ontem o secretário nacional de Segurança Pública, Romeu Tuma Júnior.
A lei brasileira determina que estrangeiros procurados em outros países sejam extraditados somente após cumprirem eventuais penas. No caso de Abadía, o governo se baseou em uma exceção à regra: interesse da soberania nacional.
"O benefício trazido pelo cumprimento de pena aqui era menor do que a extradição, porque ele responde a vários processos nos EUA e pode ser que no curso deles surjam fatos novos", disse Tuma Júnior.
Nos EUA, onde ainda está sendo investigado, o colombiano não poderá cumprir pena superior a 30 anos, já que essa foi uma restrição imposta pelo STF -como prevê a lei brasileira- quando o tribunal concedeu a extradição, em março.
Um dos traficantes mais procurados do mundo, Abadía foi preso pela PF em um condomínio de luxo na Grande São Paulo. O DEA estima que o colombiano tenha acumulado uma fortuna de US$ 1,8 bilhão.
No início deste mês, a PF deflagrou a Operação X, que identificou uma suposta quadrilha liderada pelo colombiano e pelo brasileiro Fernandinho Beira-Mar (Luiz Fernando da Costa), que, mesmo presos em Campo Grande, planejavam seqüestrar autoridades e parentes de autoridades para obter a libertação de presidiários.


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