São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Turista enfrenta maratona de até 18 h para viajar a Bariloche

Alerta sobre a presença de cinzas vulcânicas desviou vôos; 5.000 brasileiros foram afetados

Passageiros que desceram em Neuquén seguiram em ônibus fretados por 460 km; sem estrutura, aeroporto local entrou em colapso


ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Cerca de 5.000 turistas brasileiros que tentavam embarcar ou desembarcar na cidade de Bariloche, na Argentina, no último sábado, foram obrigados a viajar 460 km de ônibus (mais do que a distância entre São Paulo e Rio, de 429 km).
O contratempo ocorreu depois que os vôos com destino a Bariloche foram desviados para a cidade de Neuquén devido a um informe meteorológico que alertava para a presença de cinzas provenientes de um vulcão. Em alguns casos, o desembarque demorou até 11 horas, devido à superlotação no aeroporto.
Além disso, os turistas perderam cerca de 7 horas na viagem de ônibus. No total, o trajeto -que demora, em média, 4 horas- chegou a levar 18 horas.
Uma das principais cidades para o turismo de inverno na América do Sul, Bariloche recebe cerca de 40 mil brasileiros na alta temporada, entre os meses de junho e agosto.
Dezessete vôos fretados das companhias Gol, TAM e Varig que iam para Bariloche foram desviados para Neuquén devido a um alerta meteorológico.
Primeiro, o Serviço Meteorológico Nacional tinha informado que havia uma nuvem de cinzas do vizinho vulcão chileno Chaitén sobre Bariloche.
Uma hora depois, no entanto, outro informe da mesma agência avisava que era apenas uma nuvem de fumaça vulcânica, o que não atrapalharia pousos e decolagens. Mas, nesse intervalo, as companhias brasileiras já haviam ativado a "operação Neuquén" e desviado os vôos para essa cidade.
O aeroporto de Bariloche não foi fechado e aviões das companhias Aerolíneas Argentinas, Austral e Pluna voaram normalmente para a cidade.
A maioria dos passageiros brasileiros afetados se dirigia a Bariloche e teve que enfrentar filas para entrar em ônibus contratados pelas agências de viagem. A distância de 460 km a que foram submetidos incluía a travessia de estradas em montanhas a baixas temperaturas até que pudessem chegar ao destino final.
Outros turistas estavam voltando para o Brasil e foram obrigados a fazer o trajeto contrário, de ônibus, de Bariloche a Neuquén, para embarcar.

Colapso no aeroporto
Sem estrutura para receber tanta gente, o aeroporto de Neuquén, que não é internacional, entrou em colapso. Turistas afirmam que não havia comida nem água à venda, o que tornou a espera mais penosa.
Centenas de passageiros tiveram que esperar dentro dos aviões, pois o desembarque foi feito por um sistema de imigração e alfândega instalado há apenas 15 dias a pedido das companhias brasileiras.
Alguns turistas chegaram a aguardar duas horas dentro da aeronave, à espera de autorização para decolar.
"Quando começou a história das cinzas, os operadores brasileiros pediram para ter uma alternativa porque precisavam programar os vôos com ao menos 12 horas de antecedência", afirmou à imprensa local o presidente da Câmara de Turismo de Bariloche, Alberto Del Giudice, para quem o problema já foi superado.
"Obviamente é um problema enviá-los a Neuquén, mas os turistas estão muito bem agora. Uma vez que viram a neve, esqueceram de tudo", afirmou Del Giudice.
Ontem, novo alerta sobre a presença de cinzas vulcânicas provocou o cancelamento de um vôo da Lan para Bariloche. Os vôos da Aerolíneas operaram normalmente.


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