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À polícia pai disse que mulher passava por uma fase difícil
Depoimento de Alexandre Nardoni, a que a reportagem teve acesso, foi dado um dia depois da morte de Isabella
Anna Carolina Jatobá usava remédios após orientação médica, diz Nardoni; ela não conseguia dormir por causa do choro do filho menor
DO "AGORA"
Um dia após o assassinato da
filha Isabella Nardoni, o pai da
menina, Alexandre, disse à Polícia Civil de São Paulo, durante
depoimento, que a mulher dele
Anna Carolina Trotta Peixoto
Jatobá, 24, estava passando por
uma fase difícil por conta do
choro do filho de 11 meses e
que, por orientação médica, ela
estava usando medicamentos.
Essa informação consta do
depoimento ao qual a reportagem teve acesso, assim como
boa parte do inquérito policial.
Segundo Nardoni disse à polícia, Anna Jatobá não conseguia dormir por conta do choro
do filho e procurara uma médica, que lhe receitara dois remédios. Nardoni relatou que apenas um dos medicamentos
prescritos foi comprado. Um
deles, de acordo com o pai de
Isabella, era o "Lexopran", que
não consta no site da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Um medicamento de nome
similar é o Lexapro, indicado
para tratar depressão e transtornos do pânico e de ansiedade, segundo informações da
Anvisa. Outro remédio de denominação parecida é o Lexotan, tranqüilizante indicado
para ansiedade e agitação associadas a problemas psiquiátricos, como transtornos do humor e esquizofrenia.
Anna Jatobá afirmou à polícia que procurou um clínico-geral "há algum tempo" porque
estava muito "chorosa". Segundo a madrasta de Isabella, a médica chegou a receitar um medicamento cujo o nome ela não
se lembra.
No depoimento da madrasta
Anna Carolina, consta que ela
teve muitos desentendimentos
com a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, 24, devido a ciúmes. "Algum tempo atrás, a situação se resolveu porque seu
filho, de 3 anos, passou a estudar na mesma escola que Isabella", diz o depoimento.
Nardoni relatou à polícia que
o último desentendimento que
tivera com a mulher foi na semana anterior à da morte de
Isabella. "Apenas em uma das
brigas do casal ocorreu agressão física, chegando Anna a
dar-lhe um tapa no braço", diz o
depoimento.
Sobre o marido, revelou à polícia que Nardoni era "calmo
até demais" e "que não gosta de
discussões". Disse que ele era
"muito presente, amável com
Isabella". Ela admitiu à polícia
que o marido já "deu palmadas"
no filho Pietro em razão de suas
"peraltices".
Briga
O inquérito tem depoimento
de testemunhas que afirmaram
à polícia que ouviram brigas,
gritarias com palavrões e crises
de ciúmes entre o casal Alexandre Nardoni e Anna Jatobá
eram comuns. Moradores de
um prédio onde o casal morava
antes de se mudar para o edifício London (local do crime) relataram que a mulher chegou a
quebrar o vidro de uma janela
com as mãos durante uma discussão com o marido.
Ao menos cinco testemunhas contaram à polícia que o
casal brigava constantemente.
"As brigas entre o casal eram
constantes e, coincidentemente, ocorriam justamente às sextas, sábados e domingos, quando a filha de Alexandre, Isabella, estava na companhia do casal", disse um dos moradores
em depoimento à polícia.
Um dos relatos mostra que
"eles discutiam muito, no apartamento e, inclusive, até por telefone" e que Jatobá "falava,
[em] alto e em bom tom, proferindo palavras de baixo calão".
Outro depoimento informa que
"era de conhecimento da maioria [dos [condôminos] as constantes discussões entre o casal".
No início do ano, segundo
duas testemunhas, uma briga
entre o casal levou Jatobá a
quebrar, com as mãos, o vidro
da janela da lavanderia do apartamento. "O vidro (...) foi arrebentado e estilhaçou no salão
de festas e na garagem do subsolo, fazendo um grande estrondo", informou uma testemunha à polícia.
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