|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Troque de escola", diz reitor da UFSCar a aluno sem aula
Estudantes protestavam contra a suspensão de disciplinas do quinto ano de medicina
Usando narizes de palhaço, alunos interromperam evento para protestar; alguns choram após ouvir sugestão de reitor, que foi vaiado
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Cinco anos após terem ingressado no curso mais concorrido da UFSCar (Universidade
Federal de São Carlos), os estudantes de medicina ouviram
ontem do reitor da instituição,
Targino de Araújo Filho, que
deveriam pensar em se mudar
para uma faculdade particular.
A alternativa foi apresentada
pelo reitor ao ser cercado no
campus por um grupo de cerca
60 estudantes, que protestavam contra a suspensão das aulas práticas do quinto e penúltimo ano de medicina, que completou uma semana ontem.
Os alunos, que são da primeira turma de medicina da universidade, deveriam estar tendo aulas práticas obrigatórias
em hospitais, mas estão sem local porque o Hospital Escola
municipal, que deveria estar
pronto no mês passado, ainda
está em construção e só deve
ser entregue no final do ano.
A Santa Casa, que seria opção, chegou a ser usada por um
mês, mas o convênio foi rompido depois que os médicos professores reclamaram não ter
recebido um extra pelas aulas.
"Você tem uma opção: troque de escola", disse o reitor a
um dos estudantes que cobrava
uma solução. Depois, Targino
Filho sugeriu que a opção fosse
um curso particular, no qual os
estudantes teriam que pagar,
no exemplo citado pelo reitor,
R$ 3.500 de mensalidade.
Pelo menos seis alunas choraram após ouvir a sugestão do
reitor, que foi vaiado. Era a primeira vez que Targino Filho falava com os estudantes desde a
suspensão das aulas.
Para conseguir uma das 40
vagas de período integral para o
curso, em 2006, os então candidatos venceram, cada um,
191,88 concorrentes.
Nariz de palhaço
O protesto ocorreu por volta
das 10h30 quando o reitor comandava a abertura da comemoração dos 40 anos da UFSCar, em frente ao teatro universitário Florestan Fernandes.
Os alunos, que usavam jalecos e narizes de palhaço e portavam faixas, discursaram no
palco do teatro por cerca de 10
minutos antes de a cerimônia
oficial começar.
Uma reunião entre o reitor e
representantes dos alunos deve
acontecer na próxima semana.
Desafio
A UFSCar trata o problema
da falta de um local para o internato (período em que os alunos da medicina têm de estagiar em hospitais) como um
"desafio" natural a todo curso
em "processo de implantação".
Gustavo Balduino, secretário-executivo da Andifes (entidade que reúne reitores de federais), disse que acredita que o
reitor tenha falado num momento de "exacerbação".
"Foi uma posição de momento, que eu creio não ser a postura da instituição. E depois, ele
abriu espaço para o diálogo",
disse o secretário.
Em nota, o Ministério da
Educação disse que não comentaria as declarações do reitor. A Folha apurou que os estudantes conseguiram uma
reunião com a secretária de
Educação Superior, Maria Paula Dallari Bucci, que estará em
São Carlos na segunda-feira.
Texto Anterior: Grupo usava explosivos para assaltar bancos no RS Próximo Texto: Frases Índice
|