São Paulo, sábado, 08 de maio de 2010

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"Troque de escola", diz reitor da UFSCar a aluno sem aula

Estudantes protestavam contra a suspensão de disciplinas do quinto ano de medicina

Usando narizes de palhaço, alunos interromperam evento para protestar; alguns choram após ouvir sugestão de reitor, que foi vaiado

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Cinco anos após terem ingressado no curso mais concorrido da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), os estudantes de medicina ouviram ontem do reitor da instituição, Targino de Araújo Filho, que deveriam pensar em se mudar para uma faculdade particular.
A alternativa foi apresentada pelo reitor ao ser cercado no campus por um grupo de cerca 60 estudantes, que protestavam contra a suspensão das aulas práticas do quinto e penúltimo ano de medicina, que completou uma semana ontem.
Os alunos, que são da primeira turma de medicina da universidade, deveriam estar tendo aulas práticas obrigatórias em hospitais, mas estão sem local porque o Hospital Escola municipal, que deveria estar pronto no mês passado, ainda está em construção e só deve ser entregue no final do ano.
A Santa Casa, que seria opção, chegou a ser usada por um mês, mas o convênio foi rompido depois que os médicos professores reclamaram não ter recebido um extra pelas aulas.
"Você tem uma opção: troque de escola", disse o reitor a um dos estudantes que cobrava uma solução. Depois, Targino Filho sugeriu que a opção fosse um curso particular, no qual os estudantes teriam que pagar, no exemplo citado pelo reitor, R$ 3.500 de mensalidade.
Pelo menos seis alunas choraram após ouvir a sugestão do reitor, que foi vaiado. Era a primeira vez que Targino Filho falava com os estudantes desde a suspensão das aulas.
Para conseguir uma das 40 vagas de período integral para o curso, em 2006, os então candidatos venceram, cada um, 191,88 concorrentes.

Nariz de palhaço
O protesto ocorreu por volta das 10h30 quando o reitor comandava a abertura da comemoração dos 40 anos da UFSCar, em frente ao teatro universitário Florestan Fernandes.
Os alunos, que usavam jalecos e narizes de palhaço e portavam faixas, discursaram no palco do teatro por cerca de 10 minutos antes de a cerimônia oficial começar.
Uma reunião entre o reitor e representantes dos alunos deve acontecer na próxima semana.

Desafio
A UFSCar trata o problema da falta de um local para o internato (período em que os alunos da medicina têm de estagiar em hospitais) como um "desafio" natural a todo curso em "processo de implantação".
Gustavo Balduino, secretário-executivo da Andifes (entidade que reúne reitores de federais), disse que acredita que o reitor tenha falado num momento de "exacerbação".
"Foi uma posição de momento, que eu creio não ser a postura da instituição. E depois, ele abriu espaço para o diálogo", disse o secretário.
Em nota, o Ministério da Educação disse que não comentaria as declarações do reitor. A Folha apurou que os estudantes conseguiram uma reunião com a secretária de Educação Superior, Maria Paula Dallari Bucci, que estará em São Carlos na segunda-feira.


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