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Relatório aponta corrupção em feira do Brás

Mesmo após prefeitura assumir gestão e gastar R$ 18 mi, polícia vê 'particulares e servidores enriquecendo ilicitamente'

Promotoria investiga 12 policiais, entre civis, militares e federais, sob suspeita de cobrar pelo funcionamento de boxes

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Um ano após a prefeitura assumir a gestão da Feira da Madrugada e gastar R$ 18 milhões, essa área comercial do Brás -um dos principais destinos de sacoleiros cravada no centro paulistano- permanece um foco de corrupção.

A conclusão é de um relatório da Polícia Civil obtido pela Folha. O documento, de 30 de setembro, afirma que "a má gestão e a falta de transparência da administração da área permitiu que particulares e servidores públicos enriquecessem ilicitamente às custas do trabalho marginalizado [dos ambulantes]".

Desde novembro de 2010, a prefeitura banca o funcionamento da feira sem receber qualquer contrapartida.

A verba empregada no local deu melhores condições aos 3.000 comerciantes (chineses, brasileiros e bolivianos) e aos frequentadores.

Segundo a prefeitura, o município não recebe nada em troca, nem impostos, por não ter a posse definitiva da área. A gestão Gilberto Kassab (PSD) afirma que pretende regularizar o local.

A feira, que ocorre de segunda a sexta a partir das 2h30 num galpão de 137 mil m², atrai 25 mil pessoas/dia. Os produtos vão de jeans a eletrônicos, a maioria da China.

Relatos de testemunhas mostram que um único box arrecada R$ 10 mil ao dia.

DISPUTA DE PODER

O comércio funciona desde 2005 num terreno do governo federal, que o concedeu a uma única empresa, a GSA, sem licitação, em 1994.

A área foi oficializada como camelódromo numa parceria com a prefeitura na gestão de José Serra (PSDB).

O dono da empresa, Geraldo Amorim, foi assassinado num assalto em setembro passado, dez meses após perder a concessão do espaço.

Ailton Vicente de Oliveira -dono de uma lanchonete no local- foi então designado para administrar a feira. A troca de poder deu margem ao funcionamento de um comércio informal de boxes que, dependendo da localização, valem até R$ 500 mil.

Segundo a polícia, Oliveira cobrava condomínio dos donos de box -ele foi indiciado por estelionato.

Um sargento da PM, José Carlos Feliciano, foi acusado por corrupção passiva. Ele atuava como braço direito do ex-chefe de gabinete da Subprefeitura da Mooca, Altino José Fernandes, coronel da PM. Os dois foram exonerados da prefeitura.

A Promotoria apura a participação de 12 policiais (civis, militares e federais) no esquema de cobranças.

Há dois meses a feira é alvo de operação da PM para impedir que camelôs que não conseguiram espaço no galpão atuem do lado de fora.

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