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Mapa mostra onde salvar carnívoros é bom e barato
Estudo aponta áreas onde há mamíferos ameaçados e o preço das terras é baixo
Cerrado brasileiro, China, África Central e montanhas Rochosas dos EUA estão entre as zonas favoráveis à criação de novas reservas
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo que tenta adequar os esforços para salvar espécies ameaçadas à realidade
econômica acaba de mapear lugares onde preservar mamíferos carnívoros é não apenas
bom, mas também barato. Após
listar as regiões mais críticas no
mundo usando só critérios biológicos, os cientistas cruzaram
os dados com o preço de mercado do metro quadrado dos locais onde esses animais vivem.
O resultado do trabalho,
apresentado em forma de artigo científico na edição de hoje
da revista "PLoS One", é um
mapa inédito, que mostra onde
é mais viável, economicamente, preservar carnívoros ameaçados de extinção. Esse grupo
animal é importante porque está no topo da teia alimentar.
"Temos um mapa para mostrar aos investidores. Entre as
áreas que já são prioritárias, essas estão na frente, por critério
científico e econômico", diz Rafael Loyola, coordenador do
Laboratório de Ecologia Aplicada e Conservação da UFG
(Universidade Federal de
Goiás). O cientista assina o trabalho ao lado de outros seis
pesquisadores, todos de instituições brasileiras.
"É verdade que os valores são
médios e podem variar bastante dentro de uma mesma região
estudada. Mas, como os recursos para a conservação são
sempre escassos, o mapa pode
ser uma ferramenta importante", afirma Loyola.
O Brasil, mais precisamente
o cerrado, aparece em vermelho nesse zoneamento econômico da preservação dos carnívoros mundiais. "Nessa região,
bichos como a onça-pintada e o
lobo-guará, por exemplo, estão
entre os mais ameaçados."
Corrida fundiária
Somadas todas as 15 regiões
"insubstituíveis" para a conservação dos grandes carnívoros,
indicadas no mapa, são 11,4 milhão de quilômetros quadrados
que precisam ser monitorados
(pouco mais de 2% da superfície total da Terra).
O valor médio desse quilômetro quadrado, segundo o estudo, sai pela bagatela de US$
932 mil -só US$ 0,9 o metro
quadrado, aproximadamente.
O mapa não é para nenhum
corretor sair com ele embaixo
do braço, tentando vender trechos de terra no varejo, lembram os cientistas.
Como animais ameaçados
como os tigres da China e os
coiotes das montanhas Rochosas (EUA) precisam de muita
área para sobreviver, a conservação só vai mesmo ocorrer se
áreas extensas forem transformadas em zonas de proteção.
"Os grandes investidores,
neste caso, devem ser as ONGs
internacionais, os governos ou
até mesmo os grandes proprietários de terra", diz Loyola.
Hoje no Brasil, por exemplo,
donos de terra podem ter isenção fiscal caso resolvam deixar
sua vegetação nativa intacta.
Entre áreas mapeadas agora,
as da África, indica o pesquisador da UFG, são ainda mais baratas em comparação com as
demais. África Central e Madagascar, na opinião de Loyola,
são regiões que deveriam ser
especialmente consideradas.
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