São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Exposição de Lula extrapola mídia oficial

Além de programa de rádio, petista vai estrear coluna em jornal popular e Presidência terá blog, canal no YouTube e Twitter

Nelson Breve, secretário de imprensa da Presidência, diz que a exposição maior de Lula "ocorre devido aos resultados do governo"


LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nunca antes o país teve um presidente tão midiático quanto Luiz Inácio Lula da Silva. De quando chegou ao poder até hoje, Lula fez crescer sua exposição pública, sustentada no aumento dos canais de comunicação do governo e em sua disposição de aparecer mais.
O leque foi ampliado para além dos veículos que tradicionalmente faziam a divulgação oficial das atividades do Planalto em gestões anteriores, como Radiobras, NBR, programas de rádio e TVs educativas.
Nos próximos meses, Lula estreará uma coluna em jornais populares. A internet trouxe outras novidades: em breve, a Presidência inaugurará um blog, um canal no YouTube e vai aderir ao Twitter.
Aos moldes do que já existia na gestão anterior, o governo Lula criou o "Café com o Presidente", programa semanal de rádio inaugurado em novembro de 2003 e hoje disponível para 1.300 emissoras. Ele foi seguido do "Bom Dia Ministro", que levou 31 integrantes do primeiro escalão ao ar em 2008, com a participação de 173 rádios ao vivo.
Há ainda o "Em Questão", boletim de atos do governo cuja versão eletrônica é enviada a cerca de 425 mil e-mails cadastrados. A tiragem da versão impressa é de mil exemplares.
Ao custo previsto de R$ 15 milhões neste ano, o Planalto dispõe de empresa para "vender" o Brasil no exterior. Mediante a reserva de outros R$ 5 milhões, foi contratada outra empresa para fazer pesquisas para orientar as ações do governo. Em 2007, surgiu a TV Brasil, rede pública de televisão.
Tal exposição coincide com o fato de pesquisas indicarem Lula como o governante mais bem avaliado até hoje. Em novembro de 2008, sua aprovação chegou a 70% -recorde desde que o Datafolha começou a fazer a avaliação, em 1990.
"A exposição maior do presidente é fator importante para que ele mantenha sua popularidade. Mas isso ocorre devido aos resultados do governo", diz o secretário de imprensa da Presidência, Nelson Breve.
Em 2005, Lula se afastou da imprensa após denúncias do mensalão. Recuperada a estabilidade do governo, houve orientação do presidente para que fosse trabalhada uma "distensão". Isso culminou com a chegada de Franklin Martins à Comunicação Social. Entre as incumbências do jornalista, segundo um colega, estaria a de deixar Lula mais disponível.
A Presidência contabiliza que, em 2008, o presidente concedeu, em média, três entrevistas por semana. Naquele ano, foram 182 (incluindo exclusivas, coletivas e por escrito), superando as 157 de 2007 e as 92 de 2006. Só de janeiro a abril de 2009, Lula já superou o total de entrevistas concedidas em 2006, um ano eleitoral.
"Duvido de que haja um chefe de Estado no mundo que converse mais com a imprensa do Lula. E ele faz isso, fundamentalmente, pelos meios de comunicação [privados]", diz Franklin. Ele refuta qualquer ligação entre exposição do presidente e objetivos eleitoreiros. "Há quatro anos, se reclamava de que ele falava pouco. Agora reclamam que ele fala muito?"
A secretaria de imprensa da Presidência tem 88 servidores -25 jornalistas. O Planalto diz que a estrutura é similar à da gestão anterior. Só houve reforço, de 3 para 5 funcionários, nas equipes que atendem imprensa regional e internacional.
Para Eduardo Graeff, ex-secretário-geral da Presidência na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que teve uma passagem pela secretaria de comunicação no fim no governo tucano, "é bem marcante" o fato de Lula ter mais exposição do que tinha FHC.
"Acho que é uma opção dele, e uma aptidão que ele tem para se expor. E, talvez ao fato de que ele não se envolva nas questões da administração da mesma forma que o FHC."


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