São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Processo avançará até cidades com mais de 20 mil habitantes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O processo de regionalização da publicidade estatal federal ainda não está completo. No momento, o governo começa a montar uma base de dados com as rádios presentes em cidades com população acima de 20 mil habitantes. O cadastro atual contém apenas as que abrigam mais de 50 mil pessoas.
Outra providência em curso é tentar fazer acordos com associações de jornais e rádios do interior. O objetivo é centralizar a comprovação da veiculação dos anúncios. Procura-se também simplificar o processo de emissão de faturas individuais por parte dos meios envolvidos. Uma hipótese em estudo é dar poder a associações regionais para funcionarem como centro distribuidor de anúncios e verbas do governo.
Com os 5.297 veículos atendidos atualmente, a operação já é bastante complexa. É necessário coletar prova de publicação individual de cada um dos comerciais. "Mas é interesse dos jornais e das rádios locais veicular os anúncios, pois dá prestígio ter uma publicidade do governo federal", diz o deputado Ricardo Barros (PP-PR), vice-líder do governo e integrante da Frente Parlamentar da Mídia Regional.
O objetivo dessa frente é "desconcentrar os investimentos em mídia do governo, canalizando recursos para os veículos regionais", explica o presidente do grupo, deputado André Vargas (PT-PR). Os congressistas fazem pressão para que o governo dê dinheiro para meios de comunicação no interior do país, em geral mais flexíveis a influência política.
Ricardo Barros aprofunda a explicação sobre o benefício da operação: "Não se sabe ao certo, mas cerca de 50% das rádios e dos jornais do interior pertencem ao próprio comunicador. O dono faz o jornal ou o programa de rádio. Se recebe dinheiro do governo, passa a ter mais simpatia e faz uma comunicação mais adequada ao governo. Há uma reciprocidade".
No Planalto, a defesa da regionalização das propagandas é sustentada como uma forma de ativar a economia. A ação seria barata. Mais de mil das rádios atendidas recebem, por mês, de R$ 600 a R$ 1.000, segundo o publicitário Mauro Montorin, um dos responsáveis pela publicidade da Presidência.
Esse dinheiro miúdo ajuda as emissoras a pagar custos fixos de água, energia, limpeza e manutenção dos equipamentos. Cria-se dessa forma um vínculo perene entre a rádio e o governo, com a emissora se tornando dependente de verbas estatais.
Montorin discorda. Acha que a hipótese de viciar os veículos em dinheiro público não existe. "Estamos dando independência para a rádio", diz ele. Mas como garantir que essa emissora não seja apenas uma vocalizadora das ideias de interesse do Planalto? A resposta do publicitário é vaga: "Essa garantia não se pode ter sobre nenhum veículo de comunicação, não importa o seu tamanho". (FR)


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