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Processo avançará até cidades com mais de 20 mil habitantes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O processo de regionalização
da publicidade estatal federal
ainda não está completo. No
momento, o governo começa a
montar uma base de dados com
as rádios presentes em cidades
com população acima de 20 mil
habitantes. O cadastro atual
contém apenas as que abrigam
mais de 50 mil pessoas.
Outra providência em curso
é tentar fazer acordos com associações de jornais e rádios do
interior. O objetivo é centralizar a comprovação da veiculação dos anúncios. Procura-se
também simplificar o processo
de emissão de faturas individuais por parte dos meios envolvidos. Uma hipótese em estudo é dar poder a associações
regionais para funcionarem como centro distribuidor de
anúncios e verbas do governo.
Com os 5.297 veículos atendidos atualmente, a operação já
é bastante complexa. É necessário coletar prova de publicação individual de cada um dos
comerciais. "Mas é interesse
dos jornais e das rádios locais
veicular os anúncios, pois dá
prestígio ter uma publicidade
do governo federal", diz o deputado Ricardo Barros (PP-PR),
vice-líder do governo e integrante da Frente Parlamentar
da Mídia Regional.
O objetivo dessa frente é
"desconcentrar os investimentos em mídia do governo, canalizando recursos para os veículos regionais", explica o presidente do grupo, deputado André Vargas (PT-PR). Os congressistas fazem pressão para
que o governo dê dinheiro para
meios de comunicação no interior do país, em geral mais flexíveis a influência política.
Ricardo Barros aprofunda a
explicação sobre o benefício da
operação: "Não se sabe ao certo, mas cerca de 50% das rádios
e dos jornais do interior pertencem ao próprio comunicador. O dono faz o jornal ou o
programa de rádio. Se recebe
dinheiro do governo, passa a ter
mais simpatia e faz uma comunicação mais adequada ao governo. Há uma reciprocidade".
No Planalto, a defesa da regionalização das propagandas é
sustentada como uma forma de
ativar a economia. A ação seria
barata. Mais de mil das rádios
atendidas recebem, por mês, de
R$ 600 a R$ 1.000, segundo o
publicitário Mauro Montorin,
um dos responsáveis pela publicidade da Presidência.
Esse dinheiro miúdo ajuda as
emissoras a pagar custos fixos
de água, energia, limpeza e manutenção dos equipamentos.
Cria-se dessa forma um vínculo
perene entre a rádio e o governo, com a emissora se tornando
dependente de verbas estatais.
Montorin discorda. Acha que
a hipótese de viciar os veículos
em dinheiro público não existe.
"Estamos dando independência para a rádio", diz ele. Mas
como garantir que essa emissora não seja apenas uma vocalizadora das ideias de interesse
do Planalto? A resposta do publicitário é vaga: "Essa garantia
não se pode ter sobre nenhum
veículo de comunicação, não
importa o seu tamanho".
(FR)
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