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ELEIÇÕES 2008 / VIOLÊNCIA
Criminosos monitoram candidatos no ABC
Em São Bernardo, candidato a prefeito do PSDB interrompeu corpo-a-corpo em favela após ameaça de adolescentes
Candidato da oposição em Diadema foi vigiado por jovens com rádios na favela Nova Conquista e também apressou o fim de sua visita
ADRIANO CEOLIN
EM SÃO BERNARDO DO CAMPO
Ao subir nos morros do ABC,
candidatos a prefeito têm de
enfrentar o monitoramento e
algumas vezes se submeter a
acordos para pedir votos. Oficialmente, os comandos das
campanhas negam qualquer tipo negociação, mas a Folha
identificou um candidato a vereador e um auxiliar de ex-prefeito que têm contato com criminosos que dominam áreas.
Na semana passada, a reportagem acompanhou duas situações em que candidatos sofreram constrangimentos e até
ameaças. Em São Bernardo, o
candidato governista Orlando
Morando (PSDB) teve de interromper um corpo-a-corpo na
favela Pai Herói, no bairro Jardim Farina, área conhecida como ponto de tráfico de drogas.
Após deixar um bar na favela,
o tucano ouviu dois adolescentes cobrarem a construção de
uma quadra no local. Candidato apoiado pelo prefeito Willian Dib (PSB), Morando preferiu não responder. Em seguida, uma mulher que fazia campanha para ele disse que era
melhor não descer até o fim da
rua porque "os moleques estavam dizendo que ia ter pipoco".
Na quinta-feira passada (18),
o candidato oposicionista em
Diadema, José Augusto
(PSDB), foi monitorado por jovens com rádios comunicadores enquanto fazia uma visita à
favela Nova Conquista. Quase
próximo do fim da atividade, o
candidato a vereador Zé da
Bomba (PSB) disse a Augusto
que era melhor acelerar a saída
da área. "Sou morador e procuro respeitar a todos para que
me respeitem também. Você
tem de saber onde entra", disse
Zé da Bomba, que é servidor.
Após o incidente na favela
Pai Herói, Orlando Morando
ganhou um comitê no bairro, o
"Ponto de Amigos", montado
por Ademir Silvestre (PSB),
candidato a vereador da coligação tucana. Ele disse que teve
de contratar pessoas indicadas
por grupos de criminosos.
Na campanha de Luiz Marinho, candidato do PT em São
Bernardo, quem se apresenta
como negociador para ir aos
morros é José Manuel Fernandes, o Grilo, que há anos atua
como líder comunitário junto à
prefeitura. "Por que os políticos vão atrás dos criminosos?
Porque no dia-a-dia quem ajuda na comunidade são eles. É
remédio, é cesta básica. Os políticos só vêm de quatro em
quatro anos", diz Grilo.
Comando nega
Os comandos de campanha
de Marinho e Morando negaram manter pessoas que fazem
acordo com o crime organizado. "O Ademir Silvestre já coordenou outras campanhas, mas
nesta é só candidato a vereador.
Eu desconheço isso", disse o vereador Névio Carlone (PSB),
coordenador de Morando.
O ex-prefeito de São Bernardo Maurício Soares (PT) confirmou que José Manuel Fernandes, o Grilo, trabalha junto
a ele, mas disse desconhecer
qualquer atuação do líder comunitário: "Pode ser que ele tenha feito, mas eu não sei".
Os delegados seccionais de
Diadema, Ivaney Cayres, e de
São Bernardo, Elaine Pacheco,
dizem nunca ter recebido reclamações de políticos com dificuldades de fazer campanha.
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