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Sem-terra invadem propriedades rurais em quatro Estados
Principais ações do "abril vermelho" são em Pernambuco, onde os movimentos sociais já invadiram 28 áreas
Invasões chegam ao Rio Grande do Sul, Alagoas e Goiás; no Pará, agricultores mantêm acampamento próximo à ferrovia da Vale
Márcio Vaqueiro/Agência RBS
| MST invade fazenda, ontem, em São Gabriel (RS); desde sábado ações atingiram 29 cidades |
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
anunciou ontem a invasão de
mais nove fazendas em Pernambuco. Segundo a organização, 28 áreas foram tomadas
por lavradores no Estado desde
sábado. Até o início da noite, a
Polícia Militar havia confirmado apenas três invasões, nos
municípios de Petrolina, Lagoa
Grande e Timbaúba.
No Rio Grande do Sul, cerca
de 800 pessoas ligadas ao MST
invadiram ontem uma fazenda
de 4.000 hectares em São Gabriel (329 km de Porto Alegre).
Houve invasões também em
Alagoas e Goiás.
As ações fazem parte do
"abril vermelho", conjunto de
manifestações desencadeado
no país pelos sem-terra durante o mês, em protesto contra a
política de reforma agrária e a
impunidade pela morte de 19
pessoas em confronto com a
Polícia Militar do Pará, em 17
de abril de 1996.
Segundo o MST, o "abril vermelho" mobiliza cerca de 5.000
trabalhadores rurais em Pernambuco. Até quinta-feira, os
sem-terra pretendem invadir
cerca de 35 fazendas em todas
as regiões do Estado.
A Fetraf (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar) também promoveu invasões no fim de semana em Pernambuco. Em Santa Maria
da Boa Vista (635 km de Recife), agricultores ligados à entidade tomaram duas fazendas
pertencentes à família do irmão do deputado federal Carlos Wilson (PT-PE).
A família ainda não se manifestou sobre a possibilidade de
recorrer à Justiça contra a ação
dos sem-terra.
Pelo país
Em Alagoas, o MST anunciou
ontem a invasão de uma fazenda no município de Junqueiro
(122 km de Maceió) por aproximadamente 200 famílias. Segundo o movimento, a área pertence ao Produban (Banco do Estado de Alagoas), hoje em fase de liquidação.
Nem a Polícia Militar nem a
ouvidoria agrária no Estado
confirmaram a ação.
Em Goiás, cerca de 250 famílias ligadas ao MST invadiram a
fazenda Mata Rica, em Edealina (156 km de Goiânia), na madrugada de sábado.
No Pará, a Fetraf (Federação
dos Trabalhadores na Agricultura Familiar) anunciou ter
promovido ontem sete ações
em Santa do Araguaia, Dom
Eliseu, Tomé-Açu, Benevides,
Tucuruí, Santarém e Itaituba.
Na maior parte delas, houve
bloqueio de estradas -inclusive BRs-, afirmou Raimundo
Nonato de Souza, diretor de política agrícola da entidade.
Em Santarém, a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)
foi invadida. No total, a federação disse ter mobilizado cerca
de 5.700 trabalhadores rurais.
A reportagem não localizou
ninguém da chefia da PM paraense para confirmar os atos.
Ainda no Pará, agricultores
sem-terra e garimpeiros mantêm acampamento próximo à
Estrada de Ferro Carajás, da
Vale. A empresa divulgou nota
na semana passada dizendo
que há "ameaça anunciada" de
invasão da ferrovia.
Colaboraram MATHEUS PICHONELLI, SÍLVIA
FREIRE, KARIN BLIKSTAD e JOÃO CARLOS
MAGALHÃES , da Agência Folha
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