São Paulo, sábado, 11 de abril de 2009

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Empresários esperam que Skaf esclareça acusação da PF

Presidente da Fiesp deve falar em assembleia sobre suposta atuação por doação eleitoral

Federação não pode doar dinheiro, mas é normal que faça a intermediação entre empresas e políticos, afirma integrante do conselho


FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários paulistas esperam que Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), esclareça em assembleia da federação na próxima segunda-feira acusação da Polícia Federal de que seria "suposto intermediário" da empreiteira Camargo Corrêa no repasse de recursos a políticos.
A assembleia-geral foi marcada para analisar os balanços patrimonial e financeiro da federação em 2008.
"Essa assembleia deve reunir um quórum expressivo de delegados de sindicatos e conselheiros da federação e é uma oportunidade para que o Skaf dê esclarecimentos sobre a investigação que está em curso na Polícia Federal. Ele não deverá ser cobrado, mas acredito que fará isso, pois a sociedade sempre espera explicação sobre toda suposta anormalidade que possa ocorrer em algum órgão público, seja ele comandado por políticos ou pela iniciativa privada", disse João Carlos Basílio, presidente do Sipatesp (Sindicato da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos).
"Paulo Skaf conhece seus direitos e deveres e, certamente, vai compartilhar com os empresários os fatos mencionados pela mídia envolvendo o nome dele e o da federação", afirma Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos).
O assédio de políticos a sindicatos de indústrias, associações ou federações não é novidade, dizem. "Da mesma maneira que políticos procuram o Paulo [Skaf], procuram a mim. Agora, eu não me envolvo nisso, só digo para tal empresa que tal político gostaria de se aproximar para eventual possibilidade de obter recursos para campanha. Não me envolvo, não garanto nada. Acredito que o Paulo não fez a besteira de se envolver nisso", declara Basílio.
Procurada pela reportagem, a presidência da Fiesp não quis se pronunciar. A assessoria disse que a posição de Skaf foi expressa em artigo publicado pela Folha anteontem, no qual nega irregularidades e diz nunca ter se omitido "do direito e do dever intrínsecos à sua missão".
"Nesse sentido, [o presidente da Fiesp] mantém transparente diálogo com congressistas de todas as correntes ideológicas e partidos", escreveu. Em outro trecho, afirma que seu cargo exige participação política:
"É absurdo, irônico e hipócrita imaginar que o dirigente de uma entidade representativa de 130 mil empresas do setor produtivo no Estado de São Paulo possa ficar alheio ao processo político que diz respeito, diretamente, à atividade por ele representada e aos interesses da sociedade".
Para dirigentes, a entidade pode intermediar a relação entre políticos e industriais. "A Fiesp não recebe e não dá dinheiro a políticos, porque é proibido, mas isso não impede que ela fale com empresas de um lado e com políticos de outro. Isso é normal", diz Mario Bernardini, membro do conselho superior de economia.
Outro fator que vem irritando alguns membros da federação é a intenção de Skaf de concorrer a cargo público nas eleições de 2010.
Para Basílio, se o presidente da entidade for candidato a algum cargo público, deveria se licenciar do cargo o mais rapidamente possível. "Quando uma pessoa manifesta interesse em entrar na vida pública, corre riscos e está sujeita a chuvas e trovoadas", diz o presidente do Sipatesp.
Outros membros não veem problema. "Se Skaf é ou não pré-candidato a algum cargo político, não vejo conflito com a atuação dele na Fiesp. Ele tem defendido o interesse da indústria, e é isso que importa", afirma José Velloso, vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). "Não vejo motivo nenhum para que ele se afaste."
Alguns empresários citam ainda o caso do deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), que também preside a CNI (Confederação Nacional da Indústria), para argumentar que não há problemas no fato de o presidente da Fiesp ter pretensões políticas.


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