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Críticos tiveram 4 meses para mudar projeto, diz Vannuchi
Ministro afirma que texto ficou aberto a sugestões e críticas em site do governo
Jobim sugeriu alterações no
3º Programa Nacional de
Direitos Humanos antes que
decreto fosse assinado, mas
o texto já estava na gráfica
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em resposta às críticas de ruralistas e setores da Igreja Católica e da mídia que se somaram à dura reação dos militares, o ministro Paulo Vannuchi
(Direitos Humanos), saiu ontem em defesa do 3º Programa
Nacional de Direitos Humanos.
Alegou que o texto, com mais
de 500 ações diferentes em forma de orientações, foi submetido à consulta de 31 ministérios
durante quatro meses antes da
edição do decreto presidencial,
agora objeto de polêmica, e ficou aberto a sugestões e críticas em um site do governo.
Em nota divulgada ontem à
noite, a secretaria defendeu cada um dos pontos criticados,
como o apoio à união civil entre
pessoas do mesmo sexo, a proposta de proibir símbolos religiosos em estabelecimentos
públicos federais, o controle do
conteúdo veiculado nos meios
de comunicação e a realização
de audiências públicas para debater a reintegração de posse
de terras invadidas.
A nota não comenta a possibilidade de revisão do decreto
editado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Questionada ontem, a Casa Civil -filtro das medidas que o presidente assina- não respondeu
sobre a possibilidade de Lula
ainda mudar o texto publicado
no "Diário Oficial da União",
com a assinatura de 28 ministros ou seus representantes.
Comissão
Poucos dias antes da edição
do decreto, o presidente pediu
a Paulo Vannuchi que alterasse
o texto na parte que prevê a
criação de uma "Comissão Nacional da Verdade", objeto da
principal crítica dos militares
ao plano. Em vez de tratar apenas do exame de "violações de
direitos humanos praticadas
no contexto da repressão política" no período da ditadura
militar, o texto deveria incluir
"conflitos políticos".
Segundo Vannuchi contou ao
amigo e deputado federal Raul
Jungmann (PPS-PE), Lula solicitou a mudança logo depois de
falar com o ministro da Defesa,
Nelson Jobim, numa escala da
viagem para Copenhague, em
15 de dezembro.
Vannuchi conta que foi alcançado já de madrugada pelo
chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. Mas o texto do
Programa de Direitos Humanos já estava na gráfica.
O ministro alegou que mudanças poderiam ser feitas posteriormente, quando o governo
detalhasse as propostas em
projeto de lei a ser enviado ao
Congresso Nacional até abril.
Alternativa
Segundo a Folha apurou, Lula teria concordado com essa
alternativa. Na semana seguinte, o presidente lançou o plano
da forma como Vannuchi havia
proposto e que a Casa Civil havia liberado, após fazer uma
análise jurídica do texto.
Em discurso feito durante a
cerimônia no Ministério da
Justiça, em 21 de dezembro,
Lula indicou que as diretrizes
do plano não representavam
uma palavra final do governo
federal e disse que o texto seria
"digerido" após a publicação do
decreto.
Diante da reação dos comandantes militares, que ameaçaram pedir demissão na véspera
do ano novo, Lula viajou para
uma temporada de dez dias de
descanso sem determinar nenhuma mudança no decreto.
Na nota divulgada ontem à
noite, a Secretaria de Direitos
Humanos alega que uma versão preliminar do programa de
Direitos Humanos ficou aberta
a críticas e sugestões durante
todo o ano de 2009 no site do
órgão.
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