Reuters
24/03/2004 - 04h44

Israelense teme revide terrorista

da Reuters, em Jerusalém

O temor de que o grupo terrorista Hamas revide o assassinato do xeque Ahmed Yassin está tendo reflexos em Jerusalém Ocidental. Muitos israelenses estão evitando ruas movimentadas, ônibus e restaurantes --os alvos mais comuns de atentados.

Um termômetro do medo dos israelenses é o cardápio da pizzaria Shai Maman, na estação central de ônibus de Jerusalém. Temendo uma queda do movimento, o estabelecimento está fazendo uma promoção na qual uma pizza é vendida pelo equivalente a R$ 24, ou 40% mais barata do que antes da morte de Yassin.

Em outros períodos nos quais o governo decretou estado de alerta diante de ameaças terroristas, como agora, os preços na pizzaria caíram, em média, apenas 20%.

"O ataque [contra Yassin] foi legítimo, mas preciso ser realista", disse Ephraim Golomb, que perdeu seu filho em um atentado do Hamas contra outra pizzaria, em 2001. "No lado emocional, nós achamos que era preciso uma reação [ao terrorismo palestino]. Por outro lado, isso nos trará a paz?", afirmou o israelense.

Sua posição é compartilhada pela maioria da população israelense, que apoiou a ação contra Yassin, mas teme que ela provoque uma nova onda de atentados no país. Na Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), iniciada em setembro de 2000, cerca de 900 israelenses e 2.700 palestinos morreram em confrontos e atentados.

"Ainda não fomos longe o bastante. Deveríamos matar todos os terroristas", disse um dos poucos clientes da pizzaria, que normalmente fica lotada.

Sem clientes

O medo de ataque também atingiu os negócios dos árabes-israelenses na vila de Abu Gosh, nos arredores de Jerusalém, que normalmente recebia muitos clientes judeus. "Normalmente, recebíamos muitos visitantes, mas agora raramente alguém aparece", disse Ibrahim, dono de uma padaria. "Todos somos punidos por algo que está fora de controle."

Por enquanto, as únicas respostas ao ataque dentro de Israel foram dois episódios isolados no mesmo dia da morte de Yassin. Seis israelenses foram feridos --três por um árabe-israelense que os atacou com uma faca e três por por um palestino com uma machadinha.

O país está em alerta máximo e fechou as fronteiras com a faixa de Gaza e a Cisjordânia.

 

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