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24/05/2007 - 18h27

Violentos tiroteios interrompem trégua no norte do Líbano

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da Folha Online

Intensos tiroteios interromperam na noite desta quinta-feira uma trégua de dois dias entre tropas do Exército do Líbano e radicais islâmicos, que se confrontam desde o último domingo (20) no campo de refugiados palestinos Nahr el Bared, no norte do país. Apesar dos renovados confrontos, o Exército ainda não deu sinais de que pretende invadir o campo, que está cercado.

AP
Palestino armado tenta organizar tráfego em Baddawi,campo de refugiados do Líbano
Palestino armado tenta organizar tráfego em Baddawi,campo de refugiados do Líbano

O campo Nahr el Bared é o principal palco dos combates com o grupo radical Fatah al Islam, que já deixaram mais de 80 mortos no Líbano desde o último domingo (20).

Até o anoitecer de hoje, apenas tiros esparsos rompiam brevemente a trégua no campo. Nesta noite, oficiais de segurança afirmaram que o Exército foi atacado com tiros de metralhadoras por membros do grupo radical, que também teriam lançado granadas contra os soldados. Os oficiais disseram ainda que o Exército respondeu os ataques à altura.

Já o porta-voz dos militantes, Abu Salim Taha, afirmou à rede de TV Al Jazira que o Exército abriu fogo contra o grupo, mas que mesmo assim o Fatah al Islam permaneceu comprometido com a trégua.

Mais cedo nesta quinta-feira, o Exército libanês posicionou mais tropas ao redor de Nahr el Bared, mas não tentou invadir o campo. Aparentemente, as forças de segurança estão dando tempo para que as negociações surtam efeito e que os militantes obedeçam a um ultimato do governo, que exigiu rendição completa.

Determinação

O premiê libanês, Fouad Siniora, afirmou nesta quinta-feira que irá erradicar o terrorismo. Em discurso exibido na TV libanesa, Siniora afirmou que o Fatah al Islam é uma "organização terrorista", e acusou o grupo de tentar usar o "sofrimento e a luta do povo palestino".

Integrantes do Fatah al Islam, que é acusado de manter ligações com a Al Qaeda, rejeitaram ontem um ultimato do ministro da Defesa do Líbano e prometeram resistir a qualquer ataque do Exército, elevando temores de que a violência se intensifique no país.

Hussein Malla/AP
Civis palestinos deixam campo de refugiados em caminhão para fugir de violência no Líbano
Civis palestinos deixam campo de refugiados em caminhão para fugir de violência no Líbano

"Nós trabalharemos para erradicar e derrotar o terrorismo, mas protegeremos nossos irmãos nos campos", afirmou Siniora, reforçando que os combates não se dirigem aos cerca de 400 mil palestinos que vivem em todo o Líbano.

Suas declarações ocorrem um dia depois que o ministro da Defesa libanês, Elias Murr, fez um ultimato ao Fatah al Islam, dizendo que eles deveriam se render ao Exército.

"Preparações estão sendo feitas com seriedade para pôr um fim a esta situação", disse Murr nesta quarta-feira. "O Exército não vai negociar um grupo de terroristas e criminosos. Seu destino é a prisão ou, se eles resistirem, a morte", completou.

Membros do Fatah al Islam dizem estar "prontos para o combate". "Nós não deixaremos estes porcos nos derrotarem", disse um dos combatentes, que carregava granadas e se identificou com o pseudônimo Abu Jaafar à agência de notícias Associated Press.

Outro membro do grupo disse que os radicais tentavam negociar um cessar-fogo com o Exército. Não se sabe ao certo quantos integrantes do Fatah al Islam estão no campo de refugiados, mas alguns líderes da organização calculam que há cerca de 500 homens.

Fuga

O Líbano possui 12 campos de refugiados, onde vivem milhares de palestinos que enfrentam problemas como a pobreza e a superlotação.

O Exército libanês não tem permissão para entrar nos campos, segundo um acordo com a Autoridade Nacional Palestina (ANP) que data de 1969.

Grande parte dos 40 mil palestinos que vivem no campo de refugiados de Nahr el Bared, em Trípoli (norte do Líbano), já deixaram o local.

Os atuais confrontos, os piores enfrentamentos internos desde o final da Guerra Civil (1975-1990), mataram ao menos 81 pessoas-- 22 membros do grupo radical, 32 soldados e 27 civis--, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Os palestinos que deixaram suas casas nesta quarta-feira descreveram cenas de violência. "Todas as casas foram destruídas. Estamos indo embora e não sabemos o que será de nós", disse Nizar Sharaf, 35, à agência Reuters. Ele carregava no colo o filho de quatro anos.

Situação precária

De acordo com o último relatório das atividades no Líbano do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a situação dos refugiados palestinos no país é precária.

Apesar das fugas em massa nos últimos dias, a organização internacional estima que mais de 20 mil moradores de Nahr el Bared continuam no campo, onde danos à infra-estrutura causados pelos combates dos últimos dias geraram uma necessidade urgente de água potável e assistência médica.

"A situação no campo Nahr el Bared, no norte do Líbano, continuou muito tensa hoje, com disparos esporádicos pela manhã e a indicação dos últimos relatórios de que voltaram a acontecer enfrentamentos", afirmou o CICV em um comunicado. A organização se diz "extremamente preocupada com a segurança dos civis".

Dados do CICV informam que mais de 80 feridos, 35 cadáveres e 430 civis foram retirados do campo pelo Crescente Vermelho Palestino e a Cruz Vermelha Libanesa.

Ainda segundo o CICV, diversas regiões do campo de refugiados estão sem energia elétrica devido aos ataques, além do fornecimento de água ter sido danificado. Um carregamento de 17 mil litros de água potável foi levado ao campo pela organização, e um carregamento de 220 toneladas de alimentos é aguardado.

A fuga de cerca de 15 mil civis para o campo de refugiados de Beddawi, que normalmente abriga apenas 11 mil pessoas, criou necessidades urgentes também neste local. Segundo o CICV, os recém chegados foram acomodados temporariamente em escolas e mesquitas.

Explosões

No último sinal de que a luta pode se estender para fora das fronteiras de Nahr el Bared, uma bomba atingiu na noite desta quarta-feira a vila drusa de Aley, ao leste de Beirute. De acordo com os serviços de segurança locais, ao menos cinco pessoas ficaram feridas na explosão, que danificou lojas e casas próximas.

Mahmoud Tawil/AP
Libanês observa estrago em sua casa após explosão na cidade drusa de Aley (sul)
Libanês observa estrago em sua casa após explosão na cidade drusa de Aley (sul)

Policiais no local afirmaram que a bomba estava escondida em uma mala na entrada de um prédio a 200 metros do principal prédio governamental da cidade. Carros estacionados, cabos elétricos e paredes de construções foram arrasados na explosão.

A explosão sacudiu Aley por volta das 21h (15h de Brasília), e foi ouvida até a costa mediterrânea de Beirute, segundo a TV local. A autoria do ataque ainda não é conhecida.

Duas explosões, domingo e segunda-feira (21), mataram uma mulher e deixaram mais de 20 feridos em dois bairros diferentes de Beirute. A autoria das explosões não foi reivindicada por nenhum grupo, apesar dos contínuos confrontos.

Com France Presse, Reuters, Efe e Associated Press

 

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