Retratos da China
20/04/2005
da Folha de S.Paulo, em Pequim
O crescimento invejável dos últimos 26 anos não foi suficiente para destronar as duas rodas da posição de principal meio de locomoção da China. As bicicletas e suas primas motorizadas continuam a transportar milhares de pessoas em todo o país e protagonizam façanhas nas quais equilibram geladeiras, móveis, entulho e até carneiros.
Nas grandes cidades, como Pequim e Xangai, os ciclistas são cada vez mais ofuscados pelo crescente número de carros, mas sua presença é marcante. Universidades, ruas comerciais, edifícios de apartamentos e prédios comerciais costumam ter estacionamentos de bicicletas. Nos locais públicos, eles custam alguns centavos de yuans e possuem "cobradores" próprios.
Para evitar o agravamento do caos no trânsito, as cidades possuem vias separadas para as bicicletas, ao lado das destinadas aos carros. Mas isso não evita o encontro de ciclistas, pedestres e carros nos cruzamentos, com evidente desvantagem para os desprovidos de quatro rodas.
A China tem cerca de 500 milhões de bicicletas, um terço das existentes em todo o mundo. O número é quase três vezes a população de todo o Brasil e dá uma média de mais de cem bicicletas para cada grupo de cem famílias.
Mas a prosperidade econômica está provocando uma rápida mudança nos padrões de consumo, com o carro ocupando posição de destaque no imaginário da ascendente classe média chinesa. Apesar disso, a presença das quatro rodas ainda é pequena, se comparada à de outros países, mesmo em desenvolvimento. Em 2003, havia uma média de 1,36 carro para cada grupo de 100 famílias na zona urbana da China. No Brasil, o número ronda os 28.
Na área rural, onde vivem 60% da população, a motocicleta ocupa o lugar do carro no sonho de consumo motorizado. Em 2003, havia 31,8 motos para cada grupo de 100 famílias no campo, um salto significativo se comparado aos 21,9 de 2000.
Motos ou triciclos motorizados se transformam em veículos de cargas muitas vezes inusitadas, como os três carneiros da foto que acompanha este texto.
Nas cidades, os triciclos fazem as vezes de modernos riquixás, com condutores pedalando bravamente para transportar seus passageiros. Em Pequim, muitos desses veículos funcionam como táxis para moradores sem disposição para pagar a tarifa dos táxis normais (baixíssima) ou encarar o transporte público na hora do rush. A desvantagem é a lentidão: com passageiro, é difícil para o condutor ultrapassar os 20 km/h.
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Bicicletas carregam de tudo em Pequim
CLÁUDIA TREVISANda Folha de S.Paulo, em Pequim
O crescimento invejável dos últimos 26 anos não foi suficiente para destronar as duas rodas da posição de principal meio de locomoção da China. As bicicletas e suas primas motorizadas continuam a transportar milhares de pessoas em todo o país e protagonizam façanhas nas quais equilibram geladeiras, móveis, entulho e até carneiros.
Nas grandes cidades, como Pequim e Xangai, os ciclistas são cada vez mais ofuscados pelo crescente número de carros, mas sua presença é marcante. Universidades, ruas comerciais, edifícios de apartamentos e prédios comerciais costumam ter estacionamentos de bicicletas. Nos locais públicos, eles custam alguns centavos de yuans e possuem "cobradores" próprios.
Claudia Trevisan/Folha Imagem |
Carneiros são transportados por motocicleta em Pequim |
A China tem cerca de 500 milhões de bicicletas, um terço das existentes em todo o mundo. O número é quase três vezes a população de todo o Brasil e dá uma média de mais de cem bicicletas para cada grupo de cem famílias.
Mas a prosperidade econômica está provocando uma rápida mudança nos padrões de consumo, com o carro ocupando posição de destaque no imaginário da ascendente classe média chinesa. Apesar disso, a presença das quatro rodas ainda é pequena, se comparada à de outros países, mesmo em desenvolvimento. Em 2003, havia uma média de 1,36 carro para cada grupo de 100 famílias na zona urbana da China. No Brasil, o número ronda os 28.
Na área rural, onde vivem 60% da população, a motocicleta ocupa o lugar do carro no sonho de consumo motorizado. Em 2003, havia 31,8 motos para cada grupo de 100 famílias no campo, um salto significativo se comparado aos 21,9 de 2000.
Motos ou triciclos motorizados se transformam em veículos de cargas muitas vezes inusitadas, como os três carneiros da foto que acompanha este texto.
Nas cidades, os triciclos fazem as vezes de modernos riquixás, com condutores pedalando bravamente para transportar seus passageiros. Em Pequim, muitos desses veículos funcionam como táxis para moradores sem disposição para pagar a tarifa dos táxis normais (baixíssima) ou encarar o transporte público na hora do rush. A desvantagem é a lentidão: com passageiro, é difícil para o condutor ultrapassar os 20 km/h.
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Claudia Trevisan, colunista da Folha Online, foi correspondente da Folha de S.Paulo em Pequim até abril de 2005. Atualmente é repórter da editoria de Brasil. Também trabalhou em Buenos Aires como correspondente do jornal Valor Econômico. E-mail: ctrevisan@folhasp.com.br |