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22/05/2007 - 12h01

Beirute vive clima de medo e incerteza

TARIQ SALEH
da BBC Brasil, em Beirute

Mais uma vez Beirute convive com a rotina de atentados a bomba. A cidade que é conhecida como cosmopolita e cultural, agora está nervosa e vazia à noite.

Depois de duas explosões, uma no domingo, em um bairro cristão, e outra na noite desta segunda-feira, em uma área sunita, a capital libanesa vive um clima de medo e incertezas.

Com os combates entre o Exército libanês e radicais do grupo palestino Fatah al Islam, que começaram no domingo, em Trípoli, no norte do Líbano, a insegurança tomou conta de várias partes do país.

As pessoas temem caminhar pelas ruas, especialmente à noite, transformando pontos que antes eram de intenso movimento em áreas desertas.

Vida noturna

O barman Kamal Antaar diz que as coisas só tendem a piorar: "O Líbano já vinha enfrentando uma crise que fazia com que as pessoas não saíssem mais como antes, não se divertissem como antes".

Antaar é xiita e gerencia um bar no bairro cristão de Gemayzeh, um dos centros da vida noturna de Beirute.

No domingo, após o atentado na área cristã de Achrafieh, em que morreu uma mulher de 64 anos e outras seis ficaram feridas, a segurança foi redobrada em Gemayzeh.

"Se eles atingiram Achrafieh, o mais importante bairro cristão, nada impedirá que eles atinjam Gemayzeh, outra área importante", afirmou ele, também morador do bairro.

"Mas o que o Exército está fazendo em Nahr al Bared (campo palestino palco dos combates) é errado. Bombardeiam civis e colocam todo o país em um caminho delicado."

Na noite desta segunda-feira, após outro atentado ainda mais violento no bairro sunita de Verdun, a agitada Gemayzeh estava vazia, e os bares e restaurantes, fechados.

Na manhã desta terça-feira, os donos dos estabelecimentos comerciais do bairro também decidiram fechar as portas como medida de segurança.

Clima perigoso

O comerciante Mounif Masswoud é cristão e mora em Rmeil, do lado de Achrafieh, há 20 anos. Ele vive em um reduto de partidos cristãos anti-Síria.

"Eu não tenho medo porque já estou acostumado com estas situações. Vi este bairro sofrer atentados a bomba antes", disse.

Masswoud é dono de uma pequena loja e teme por seus filhos: "Eles podem acabar pagando um alto preço pelos erros de outros".

Para ele, a Síria está por trás de toda a situação atual.

"Os atentados são um recado bem claro para nós. Não devemos instalar o tribunal para julgar os que mataram Hariri", diz Masswoud.

A pedido do governo libanês, o Conselho de Segurança da ONU tenta estabelecer um tribunal internacional para julgar os suspeitos do assassinato do prêmie Rafik Hariri, em 2005, e da série de atentados que se seguiram.

O Líbano acusa a Síria de envolvimento no caso, mas Damasco nega veementemente.

Sem turistas

O clima de medo em Beirute afetou o turismo e os hotéis. Dono de um pequeno hotel no bairro de Saifi, o druso Zaher Abu Taif prevê uma diminuição ainda maior no movimento.

"A imensa maioria dos meus clientes é de estrangeiros. Ninguém virá a Beirute agora, com esta situação", sentencia Abu Taif.

Ele diz que se sente desconfortável com o clima de medo em Beirute e que as pessoas estão mais deprimidas, preocupadas com a próxima bomba que vai explodir.

"Vamos acordar todos os dias nos perguntando qual será o próximo alvo".

Abu Taif não quis opinar quem estaria por trás de tudo, mas acha que estão querendo empurrar os libaneses para a guerra civil.

"Querem nos dividir com certeza. De início estamos unidos, pois nenhum libanês racional quer outra guerra civil. Mas até quando agüentaremos, não sei".

 

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