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Iraê Cardoso

Quem é ela?

Iraê Cardoso, 56, analista de sistemas, divorciada, quatro filhos

Organização: Aappe (Associação dos Amigos e Pais de Pessoas Especiais)

Ano de fundação: 1990
www.aappe.org.br

*dados de 2011

A Aappe tem como missão representar, difundir e defender os interesses das pessoas com deficiência auditiva e/ou múltipla por meio de quatro eixos: saúde (atendimento médico multidisciplinar de alta qualidade via SUS), educação (escola para deficientes, cursos de Libras e inserção profissional), assistência social e defesa de direitos (participação em conselhos, realização de eventos e influência em politicas públicas). Beneficia diretamente por ano mais de 7.300 pessoas em cinco unidades em Maceió e duas no interior (Penedo e Santana do Ipanema), além de impactar mais 4.000 pessoas em oito municípios em parceria com o governo de Alagoas.

Múltipla eficiência

Após a morte do irmão surdo, retirante volta ao Nordeste para lutar pelas pessoas com deficiência

MARIANA BERGEL
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

Mesmo sem pronunciar uma palavra, ela já esbanja garra e determinação. Mas alguns minutos de conversa são suficientes para notar que essas características são uma constante na vida de Iraê Cardoso, 56. “Aprendi com a minha mãe a nunca ter medo de pedir nada, nem de falar e de defender aquilo que acredito.”

Nascida em Juazeiro da Bahia, à beira do rio São Francisco, foi a primogênita de dez filhos, mas cresceu sem pai, que abandonou a família. Filha de mãe semi-analfabeta, Iraê aprendeu a ler sozinha aos quatro anos.

Superar as dificuldades impostas pela vida e transformar sua trajetória pessoal foram pontos de partida para uma longa jornada como empreendedora social. “Sou protagonista dos problemas sociais do Brasil.”

Iraê começou a ajudar em casa ainda pequena. “Nunca tive comemoração de aniversário porque a minha mãe tinha um filho atrás do outro. Durante muito tempo, vivia mais a vida dela do que a minha”.

Para fugir das agressões físicas do companheiro, a mãe fugiu de Juazeiro com seis de seus filhos para o Rio de Janeiro –Iraê e seu irmão mais próximo, Antonio Gladston, foram juntos para a cidade maravilhosa. Lá, a jovem decidiu que não voltaria mais para Juazeiro.

Cinco das crianças foram para colégios internos. Guega, como Antonio era conhecido, conseguiu uma vaga no Instituto Nacional de Educação de Surdos, a primeira escola do gênero no Brasil.

Com fome de conhecimento, Iraê conseguiu bolsas em bons colégios, sempre em troca de trabalho e de dedicação aos estudos. O primeiro emprego foi aos 17 anos, na área de informática. Foi graças a ele que ela pôde tirar a família de um cortiço no subúrbio e alugar um apartamento.

A morte do irmão surdo, atropelado aos 15 anos no Rio de Janeiro, foi determinante para definir sua causa da luta. “Foi do meu amor por Guega que pude transformar a morte dele em alegria para outros surdos. O maior sofrimento dele era não conseguir se comunicar.”

A partir de então, a empreendedora social atuou na estruturação da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Maceió e, de lá, partiu para coordenar a Aappe (Associação Amigos e Pais de Pessoas Especiais), também na capital alagoana.

Mãe de três filhos pequenos e sem dinheiro, Iraê tinha como objetivo construir um centro de fonoaudiologia. Para pagar as contas pessoais e os gastos com a instituição, montou uma banca de revistas, que ficou aos cuidados do irmão Carlos, que foi para Maceió para ajudá-la a cuidar dos filhos.

“Ninguém sabia da existência de surdos em Alagoas –entendi que deveria capacitar a sociedade e os próprios surdos.” Com o apoio de voluntários e já bem relacionada com o governo e a imprensa locais, Iraê foi a principal responsável por evidenciar a questão dos surdos no Estado entre 1994 e 1997.

O mesmo aconteceu com o projeto de lei que reconheceria a Libras (língua brasileira de sinais) no Estado e com a oficialização da língua dos surdos em território nacional em 2002.

Foi então que Iraê passou a ter respaldo legal para obter recursos e pôde investir na formação de intérpretes e de surdos. Com a demanda de crianças que chegavam do interior, os serviços foram levados para o sertão de Alagoas.

Mas ela ainda não está satisfeita; pelo contrário. Agora, o grande sonho de Iraê é viabilizar o Ires (Instituto de Qualificação e Referência em Surdez), centro de referência clínica, fonoaudiológica, auditiva e educacional.

Com abordagem bilíngue (português e libras), a missão da instituição é o desenvolvimento e a qualificação profissional do surdo. E quem conhece essa guerreira, sabe que ela vai fazer o possível e o impossível para transformar o projeto em realidade. “O Ires é um presente que eu quero deixar para os surdos e para o meu irmão.”

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Conheça mais sobre a Aappe

A inovação no trabalho da Aappe se dá sobretudo dentro do contexto de Alagoas e acontece em várias frentes que convergem para três aspectos principais: pioneirismo, forma de atuação e singularidade.

A organização inaugurou um novo modelo de gestão, independente das amarras políticas predominantes na região. Vale ressaltar que se trata de um Estado cuja economia se baseia na monocultura da cana e em que a viabilidade dos empreendimentos sociais depende essencialmente da política, marcada pela longa herança do “coronelismo”, com a corrupção e o clientelismo subjacentes e pela inexistência da cultura de mobilização.

Nesse cenário, a empreendedora social foi pioneira ao romper com o status quo e construir uma instituição autônoma e empreendedora. Seu principal diferencial é a capacidade de conciliar independência política e crescimento no longo prazo, tendo o poder público como principal parceiro, feito antes impensável em Alagoas.

A Aappe já nasceu pioneira: começou como um centro de fonoaudiologia, até então inexistente no Estado. Em 1993, estruturou o primeiro curso de língua de sinais do Estado.

Sua forma de atuação também é inovadora. A associação desenvolveu um método próprio e altamente eficiente de gestão de recursos do SUS (Sistema Único de Saúde). Elevou o nível de qualidade da saúde pública local a um patamar bem superior ao da média nacional, com atendimento ágil e de qualidade, profissionais gabaritados, equipamentos de ponta e estrutura adequada.

Outro diferencial da Aappe é oferecer em um mesmo lugar a consulta, o diagnóstico e o tratamento, com equipe capacitada para atender pessoas com múltiplas deficiências.

Dentro do Estado, é singular em vários aspectos: tem a única unidade móvel de saúde auditiva e a única sala acusticamente tratada de Alagoas.

Na vertente educacional do projeto, introduziu com eficácia nos cursos para surdos a abordagem pedagógica de mapas conceituais de Vygotsky –representações gráficas de um texto que relacionam conceitos e transformam o texto escrito em visual.

A maior parte (88%) do orçamento de R$ 6 milhões da organização provém da prestação de serviços ao SUS.

Atualmente, a associação conta com doações de cerca de 900 pessoas físicas, compondo 6% do orçamento total. Os outros 6% vêm da venda de cursos de Libras (Língua Brasileira de Sinais). Os documentos financeiros são auditados pela empresa de auditoria independente SGS.

Principais parceiros: Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Secretaria de Assistência Social (Programa Ação Continuada), Secretaria Especial de Direitos Humanos, Sesi (Serviço Social da Indústria), SUS (Sistema Único de Saúde) e Tribunal Regional do Trabalho.

Seu relatório de atividades de 2010 aponta a existência de 7.305 beneficiários diretos atualmente por ano, dos quais 4.678 na área de saúde, 1.709 na assistência social e 918 na educação. Em parceria com o governo do Estado, alcançará com a unidade móvel oito novos municípios com benefício direto a 4.000 pessoas. Recentemente, foram qualificados 125 trabalhadores em diversos cursos em parceria com o Programa Nacional de Qualificação e mais 730 alunos aprenderam a se comunicar em língua de sinais nos cursos de Libras.

Há mais de cem profissionais no Estado de Alagoas trabalhando como intérprete em Libras, todos formados pela Aappe. Quase a totalidade dos instrutores da língua em cursos que surgiram posteriormente em estabelecimentos como Senac e Senai formou-se na associação, que foi pioneira nesse quesito.

A associação também encaminhou mais de 550 surdos para o mercado de trabalho, dos quais 200 foram empregados em 23 empresas de Maceió. Em 2010, foi também inaugurado o primeiro empreendimento dirigido por um surdo como desdobramento direto da atuação da Aappe: uma escola de língua de sinais.

Existe um controle de acompanhamento e avaliação em cada setor de serviço oferecido pela instituição –assistência social, educação e saúde– que busca mensurar a evolução dos beneficiários. Na saúde há prontuários com a evolução de cada atendido, com laudos de alta. Os casos acompanhados pela organização do prêmio denotam impacto transformador tanto na vida dos pacientes quanto na de familiares.

A escola utiliza o método do acompanhamento comportamental em ambientes domésticos e sociais, como aproveitamento nas atividades escolares, e avaliações de caráter interpessoal e comunicativo. Há relatórios que apontam melhor desempenho das crianças atendidas nas escolas públicas, com melhoria na comunicação.

Por fim o assistente social faz avaliação, reuniões de grupo com os familiares, relatórios e encaminhamentos para o terapeuta familiar. Os resultados da intervenção são mais visíveis nas relações com a família e os amigos. Para 2011, estão previstas reuniões técnicas periódicas para estudos de casos e coleta de dados no intuito de elaborar pesquisas científicas.

Como o início da organização há 22 anos se deu de forma empírica e não havia esse tipo de mensuração, não é possível precisar o número total de beneficiários desde 1989. A organização calcula que o número de atendidos ultrapasse 200 mil.

A Aappe teve início no apartamento da empreendedora social em Maceió e expandiu para as atuais sete unidades fixas em funcionamento: cinco em Maceió, uma em Penedo (a 170 km da capital) e outra em Santana do Ipanema (a 220 km). Manteve uma unidade em Arapiraca, fechada em 2007 por problemas de gestão dos recursos por parte da prefeitura.

Agora, por meio da unidade móvel, alcançará outros oito municípios alagoanos: Cacimbinhas, Coruripe, Delmiro Gouveia, Maragogi, Marechal Deodoro, Pão de Açúcar, Rio Largo e Viçosa.

O foco de expansão da Aappe é o Estado de Alagoas. Não houve até o momento outra organização na mesma área de atuação que passou a funcionar integralmente com o repasse de expertise da Aappe. A associação possui manuais técnicos dos procedimentos operacionais que favorecem a replicação dos processos.

A parceria com o poder público é inerente à natureza do trabalho da Aappe, que, ao elevar o nível de atendimento do SUS, por si só causa impacto em políticas públicas.

Em 1998, foi diretamente responsável pela aprovação da lei estadual 6060, conhecida como Lei dos Surdos, que reconheceu a Libras em Alagoas. Foi o primeiro Estado do Nordeste e o sexto do país a fazer o reconhecimento, antes mesmo da lei nacional.

A Aappe foi a primeira a usufruir da lei e, com recursos do FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador), criou o primeiro curso para intérpretes do Estado.

No âmbito da gestão participativa, a associação ocupa atualmente a presidência do Conselho de Assistência Social e luta para mostrar no sertão os direitos da pessoa com deficiência.

Paralelamente, participa de comitês e articulações para reivindicação de direitos dos deficientes e disseminação da Libras, envolvendo atores dos mais diversos como Ministério Público Federal e Estadual, rede pública de ensino, Delegacia Regional do Trabalho, assistentes sociais e agentes de saúde.

Coordena ainda um importante trabalho em parceria com o governo do Estado, a Fapal (Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas) e a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas, em que leva a oito municípios-referência a política pública de atenção básica à saúde auditiva.

Por meio de uma unidade móvel auditiva, oferece diagnósticos e encaminhamentos, capacita os agentes de saúde locais e os profissionais da educação e da assistência social, auxiliando-os na identificação e no levantamento de determinantes e condicionantes das principais patologias e situações de risco que levam à deficiência auditiva no Estado. O objetivo é ampliar a iniciativa para os demais municípios alagoanos.

A Aappe está na coordenação técnica de uma campanha pela regulamentação e aplicação efetiva da lei federal 12.303/2010, que obriga hospitais e maternidades públicas do país a realizar o teste da orelhinha (exame de emissões otoacústicas evocadas), utilizado para identificar problemas auditivos em recém-nascidos.

A estrutura operacional da Aappe divide-se em quatro unidades estratégicas: saúde, educação, defesa de direitos e assistência social. Cada unidade é gerida por um coordenador responsável pelo desempenho operacional. Todos operam orientados pela mesma política, coordenadas por um departamento de controle centralizado, que alinha cada unidade à estratégia da instituição.

Saúde

Por meio de uma equipe interdisciplinar, a Aappe tem como meta a habilitação e a reabilitação integral da pessoa com deficiência (surdo e/ou múltiplo deficiente), com um método que ressalta a importância da família no processo terapêutico e a estimulação neurossensorial do paciente.

Para a realização de diagnóstico auditivo, consultas especializadas e reabilitação (neurossensorial e auditiva), a organização dispõe de cinco unidades com atendimento nas seguintes especialidades:

  • assistência social;
  • audiologia;
  • clínica geral;
  • fisioterapia;
  • fonoaudiologia;
  • neurologia;
  • neuropediatria;
  • otorrinolaringologia;
  • pediatria;
  • pedagogia;
  • psicologia;
  • psiquiatra;
  • psicopegagogia;
  • terapia ocupacional.

Os atendimentos são feitos por meio de convênio com o SUS.

Também nessas unidades é possível realizar avaliação audiológica a preços populares
–avaliação comportamental, audiometrias tonal, vocal, condicionada com reforço visual e ocupacional, emissões otoacústicas (teste da orelhinha) e imitanciometria.

Educação para surdos e múltiplos deficientes

Centro Educacional Bilíngue Antônio Gladston visa proporcionar educação bilíngue (Libras e português) de qualidade para pessoas surdas e/ou com múltiplas deficiências trabalhando os aspectos cognitivo, psicomotor, psicossocial, cultural e linguístico e a formação de cidadãos políticos reflexivos no papel de sujeitos participantes da vida social, econômica, política e cultural do país.

Utilizam-se métodos pedagógicos de Vygotsky (mapas conceituais) para as crianças e de Paulo Freire para os adultos.

São cerca de 150 estudantes dos níveis fundamental 1 e 2, educação infantil e EJA (Educação de Jovens e Adultos). Também há aulas de reforço escolar e, por meio de projetos especiais, oferece oficinas de bijuterias, biscuit, restauração de imagens, serigrafia e ensino gratuito de Libras para as famílias, a fim de garantir a acessibilidade do surdo no seio familiar.

Entre as atividades extracurriculares, destacam-se:

  • atividades esportivas (capoeira, caratê, futebol e natação) com a participação de parceiros e professores voluntários;
  • oficinas de informática, reciclagem e xadrez;
  • passeios pedagógicos com foco no contato direto com o mundo cultural;
  • encenações e apresentações especiais para familiares.

Curso de Libras

Em outra unidade em Maceió, a Aappe oferece cursos de Libras, que constituem sua principal fonte própria de geração de renda. Os cursos permanecem abertos durante todo o ano e em vários horários, nas modalidades Libras 1 e 2 (básico e intermediário), intensivo de férias, personalizado e curso de formação de intérprete.

Inserção profissional

Dentro da unidade educacional, encontra-se o eixo profissional, cujo objetivo é a inserção no mercado de trabalho e a inclusão social de pessoas com surdez parcial ou profunda e/ou com múltipla deficiência.

As principais ações desse eixo são:

  • capacitação de empresas privadas e órgãos públicos em Libras;
  • realização de seminários de conscientização para as empresas, a fim de desmistificar os limites da surdez e promover a integração social;
  • acompanhamento trimestral dos surdos encaminhados às empresas por meio de visitas e diálogos com o RH e o profissional intérprete de Libras;
  • incentivo à participação direta do profissional intérprete nos processos de seleção, admissão, demissão, treinamentos e avaliações médicas;
  • qualificação profissional para formação de instrutor de Libras.

Assistência social

Tendo em vista o alto nível de vulnerabilidade em que se encontra grande parte de sua população atendida, a Aappe presta serviços de assistência social, psicológica e encaminhamento dos alunos aos atendimentos clínicos. Também doa alimentos em parceria com o programa Mesa Brasil, do Sesc (Serviço Social do Comércio).

Defesa de direitos

O quarto eixo estratégico de atuação da Aappe está ligado à conscientização da sociedade em geral acerca dos direitos dos surdos e/ou múltiplos deficientes. Para isso trabalha com:

  • participação em cinco conselhos de direitos das minorias;
  • realização de fóruns de discussão para disseminação dos direitos constitucionais e infraconstitucionais;
  • atuação permanente no aperfeiçoamento do marco legislativo federal, estadual e municipal de garantia de direitos das pessoas surdas;
  • elaboração de vídeos-documentários e campanhas para a disseminação dos direitos da comunidade surda, de sua língua e identidade.

Além dos programas e atividades anteriormente citados, a associação realiza o projeto Esporte sem Barreiras, que tem por objetivo utilizar a prática esportiva e lúdica em ambientes naturais, como a praia, e estimular pessoas com deficiência e a sociedade em geral. Serão ofertadas modalidades esportivas como atletismo, futebol, futevôlei, natação e vôlei.

“Tive sarampo com um ano de idade; quase morri e acabei ficando surdo.

Na primeira vez que fui à Aappe, eu tinha oito anos, e foi a Iraê quem me recebeu.
Foi aqui que aprendi a me expressar melhor e que pude me transformar no que eu sou hoje.

Estudei em colégio regular e parei os estudos na terceira série porque ainda não existia a regulamentação da linguagem de sinais. A professora me obrigava a oralizar, mas eu não conseguia. Só quando houve a regulamentação da lei eu consegui me desenvolver, por isso me atrasei nos estudos.

Hoje estou no segundo período da faculdade de biologia e tenho uma intérprete que me acompanha na universidade, graças à lei de acessibilidade, que permite nossa inclusão e acesso ao ensino superior.

Foi muito difícil me preparar para o vestibular porque ele é elaborado em português, e a minha primeira língua é a de sinais. Na prova, eu sinalizava em Libras, e a intérprete passava para o português.

Fico muito feliz e satisfeito por trabalhar na Aappe porque ela faz parte da minha história, eu me sinto em casa aqui. Falar da Iraê me emociona. Ela sofreu muito pra desenvolver todo o trabalho da Aappe e faz tudo com seriedade, esforço, garra e determinação. Além de sempre ter sido uma grande conselheira, ela me passou muitos valores.

A Iraê adotou e cuidou de cada um de nós para que pudéssemos nos desenvolver. Ela me ensinou a acreditar nos meus sonhos, me mostrou que eu podia chegar até onde eu cheguei, me mostrou o valor da lealdade, me ensinou a persistir e a lutar pelo meu ideal.

A sociedade tem muito preconceito porque desconhece o nosso potencial, mas eu me sinto seguro tendo a Iraê lutando pela nossa causa. Não sei o que seria de mim se não existisse a Aappe.

Eu não teria me desenvolvido, a sociedade não teria reconhecido o nosso valor, a nossa luta, o nosso potencial, o nosso direito de ir e vir, de ser um profissional e de ter uma vida normal.

Quero ser igual a Iraê: um empreendedor em busca de melhorar mais e mais a causa surda. Também penso em ser o primeiro biólogo surdo de Alagoas e lecionar biologia em uma sala para surdos.

A pior situação na minha vida foi me sentir inferior às pessoas. Via todo mundo com preconceito comigo, as pessoas tinham pena de mim e me achavam um coitado, porque achavam que eu não podia trabalhar, que eu era incapaz.

Odeio que tenham pena de mim ou que achem que eu não posso fazer alguma coisa. Nós somos iguais e podemos fazer tudo o que qualquer pessoa pode fazer.’’

JERLAN PEREIRA BATISTA, 23, surdo e estudante de biologia, trabalha como instrutor do curso de Libras da Aappe e no departamento administrativo, além de lecionar Libras para empresários
 
Patrocínio: Coca-Cola Brasil e Portal da Indústria; Transportadora Oficial: LATAM; Parceria Estratégica: UOL, ESPM, Insper e Fundação Dom Cabral
 

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