Carioca, jornalista, foi repórter e coordenador de produção da Sucursal do Rio. É autor de livros sobre música popular brasileira. Escreve às segundas e às sextas.
O Estado do Rio é uma festa
RIO DE JANEIRO - Cortando gastos, o governo estadual não repassou dinheiro para as escolas de samba do Rio. Mas foi possível ver marcas suas na (des)organização da festa.
Os rostos de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão vieram à mente na estação Praça Onze do metrô, por volta das 6h30 das manhãs de segunda e terça, tentando voltar para casa após duas noites de trabalho.
O Carnaval não é um evento súbito, que surge quando menos se espera. Um ano antes, pode-se começar todo o planejamento.
No entanto, não havia na estação caminhos demarcados para os passageiros: os que tinham bilhete unitário; os portadores do Bilhete Único; quem ainda precisava comprar etc.
Seguranças gritavam para onde as pessoas deveriam ir –se elas fossem capazes de abrir veredas no amontoado de gente cansada e irritada. Turistas que não se preocuparam em estudar a língua portuguesa antes de vir ao Brasil completavam, estupefatos e espremidos, a cena quase cômica –à beira de ser trágica, pois uma queda poderia ser fatal.
O metrô é uma concessão do Estado. Passou para a iniciativa privada em 1997. O contrato era de 20 anos, mas em 2007, no seu primeiro ano de governo, Cabral (com Pezão vice) antecipou-se e prorrogou-o por mais 20.
Logo em 2008, o consórcio MetrôRio passou para as mãos da Invepar, empresa formada por OAS (sempre as empreiteiras!), Previ, Petros e Funcef (sempre os fundos de pensão!). Ela se comprometeu a investir R$ 1,5 bilhão. Mas os passageiros são diariamente maltratados. E o Estado é quem compra parte dos trens.
Na confusão da manhã de terça, apareceram agentes da Sunset. É uma empresa dirigida por um tenente-coronel da PM que trabalhou na segurança pessoal de Cabral. Também tem a conta do Maracanã, outra concessão. O Estado do Rio é uma folia permanente.
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